sexta-feira, 15 de julho de 2011

Salto em distância

 Histórico
O Salto em comprimento ou salto em distância é uma modalidade olímpica de atletismo.
A prova tem uma longa tradição e apareceu pela primeira vez nos Jogos Olímpicos antigos como parte integrante do pentatlo. Na antiguidade, os atletas saltavam com halteres nas mãos, para ajudar no balanço e elevar o momento.Chionis de Esparta foi o atleta mais bem sucedido dos Jogos Olímpicos antigos, que ficou famoso pelo seu salto de 7.05 m.
O salto em comprimento esteve presente em todas as edições de Jogos Olímpicos da era moderna. O primeiro campeão olímpico de salto em comprimento foi o estado-unidense Ellery Clark, que venceu a prova com um salto de 6.35 metros. O evento de senhoras surgiu pela primeira vez nos Jogos de 1948. A primeira vencedora foi Olga Gyarmati da Hungria.
Desde Atenas 1896 até hoje, o recorde de salto em comprimento evoluiu bastante. Em 1896, o recorde era de 6,35 metros (cerca de três carros e meio); hoje em dia é de 8,95 metros (cerca de cinco carros), reflectindo a evolução da táctica de salto dos competidores.
O record do mundo de salto em comprimento pertenceu a Bob Beamon (EUA) durante 23 anos, com a marca de 8.90 m, obtida nos Jogos Olímpicos de Verão de 1968, realizados no México. O salto foi obtido em altitude, com 2 m/s de vento traseiro e foi superado apenas em 1991, por Mike Powell que alcançou a marca de 8.95 m e mantém o actual record.
Alguns atletas lusófonos de destaque no salto em comprimento são Maurren Maggi, Carlos Calado, Naide Gomes , Nélson Évora e Jadel Gregório. Carl Lewis ganhou a medalha de ouro em quatro jogos olímpicos consecutivos (1984 a 1996). Jesse Owens ganhou a prova nos Jogos Olímpicos de Verão de 1936 em Berlim, com a ajuda dos conselhos do alemão Lutz Long, que acabou por arrecadar a medalha de prata.

Conceito 
As técnicas utilizadas nos esportes estão sujeitas as mesmas leis físicas que governam todos os movimentos. Portanto, utilizando este conceito, a Biomecânica tem contribuído de forma decisiva na análise e melhora do desempenho do atleta nas provas de saltos.
O comportamento do centro de gravidade do atleta durante a fase do salto propriamente dito pode ser descrito como um lançamento oblíquo. Isto é, o movimento de um corpo quando lançado ao ar com um certo ângulo (entre 0 e 90 graus) com a horizontal.Nesta condição, desprezando a resistência do ar, age apenas sobre o corpo a força da gravidade, ou força peso, na direção vertical e para baixo. É importante frisar que durante a fase de vôo do atleta, não há nenhuma força na direção horizontal atuando sobre ele. Este fato tem uma importante conseqüência sobre o movimento do atleta: durante a fase de vôo, o centro de gravidade do atleta move-se com velocidade constante. Isto é uma conseqüência direta das leis de movimento da mecânica enunciadas no século XVII pelo físico inglês Issac Newton (leia sobre as leis de Newton em A primeira lei de Newton diz que "Todo corpo permanece em estado de repouso ou de movimento uniforme, em linha reta, a menos que uma força externa atue sobre ele". O fato de analisarmos o salto separadamente na direção vertical e direção horizontal é um outro importante princípio na Mecânica: os movimentos nas direções ortogonais, no caso horizontal e vertical, são independentes, no sentido que uma força que atua em apenas uma dessas direções não altera o movimento na direção perpendicular.
 Regras básicas
• Os saltadores correm em uma pista emborrachada em direção a um fosso de cascalho ou de areia.
• Enquanto corre pela pista, o saltador se aproxima da plataforma de decolagem de madeira.
• Os atletas pulam o mais longe possível na plataforma e saltam para dentro do fosso.
• O saltador lança ambos os pés à frente de seu corpo enquanto está no ar.
• Assim que o saltador alcança o fosso, seus pés pousam primeiro e essa se torna a marca para a medição.
• O salto é considerado ilegal (ou uma “falta”) se o saltador inicia o salto com seus pés à frente da plataforma de decolagem.
• O atleta pode iniciar o salto antes da plataforma de decolagem, mas a distância do salto ainda será medida a partir da plataforma.
• É do interesse do atleta iniciar seu salto o mais próximo possível à parte frontal da plataforma de decolagem, sem ultrapassá-la.
• Se o salto é legal, o oficial da prova medirá a distância desde a plataforma de decolagem até o local em que o saltador tocou a areia com os pés.
• A distância percorrida por um saltador geralmente é conhecida como “marca” porque essa é a distância até a marca mais próxima feita na areia a partir da borda da plataforma de decolagem.
•Tradicionalmente, os atletas podem executar três saltos, mas apenas o melhor deles será computado.
• Competições de nível mais alto dividem o salto em duas eliminatórias: as seletivas e as finais. 
Características dos atletas de salto em distância

Saltadores levam ao pé da letra o 'mais alto, mais forte, mais longe' que rege as disputas de uma das modalidades mais tradicionais do esporte.

O lema olímpico "Mais alto, mais forte, mais longe" pode muito bem ser relacionado aos saltos do atletismo, não só nas óbvias ligações com os saltos em distância e triplo ("mais longe") e com os saltos em altura e com vara ("mais alto"). Com a evolução do esporte, os atletas de cada prova tiveram que desenvolver a força, além de características próprias de cada modalidade.

No salto em altura é normal encontrar homens entre 1,90m e 2m e mulheres com cerca de 1,80m. É preciso explosão muscular, coordenação e grande flexibilidade. Além da altura, no salto com vara ainda é preciso ter habilidades de ginásta e acróbata para passar do sarrafo.
Grandes saltadores em distância também são bons velocistas. E no salto triplo o atleta precisa de um físico maduro para não ter as articulações prejudicadas pelo forte impacto do primeiro e do segundo saltos.
Técnica do salto em distancia
Constituem-se basicamente de dois tipos de movimentos, os cíclicos e os acíclicos.
Tem como objetivo: superar forças - atrito, gravidade e resistência.
São compostos de 4 fases: aceleração, impulsão, vôo e queda.
Fases do salto em distância:
11.1. Corrida de Aproximação:
Objetivos: Levar o indivíduo a uma posição ótima para a impulsão com tanta velocidade quanto se possa controlar em eficiência.
Complemento: varia de acordo com a capacidade de adquirir velocidade do indivíduo e do seu nível técnico em média de 39 a 45 metros (17 a 22 passos)
Fases: Preparação, aceleração e manutenção.
Adaptação: varia de 3-4 passos; ocorre um rebaixamento do centro de gravidade e a penúltima passada é maior e a última menor.
11.2. Chamada: 
Objetivos: obter velocidade (elevação) procurando matner a velocidade horizontal tão alta quanto possível. É a fase mais importante e mais difícil do salto. Tem a duração média de 11-13 centésimos de segundo.
Apoio - feito de forma ativa ("patada"), num ângulo de flexão de pernas de aproximadamente 170 graus e de 118 a 120 graus com o solo.
Absorção - através da pequena flexão das articulações dos tornozelos, joelhos e quadris;Extensão - rotação de membros iniciado pelo quadril, braços assimétricos e perna de elevação; extensão dos joelhos impulsora (para trás e para baixo); corpo ereto; ângulo de saída entre 18-22 graus.
11.3.Vôo: 
Objetivos: criar uma posição ótima do corpo para se obter uma queda controlada (evitar rotação do tronco para frente).Inicia-se com a perda do contato com o solo e o saltador não poderá modificar a trajetória da parábola do centro de gravidade a pós ter perdido o contato com o solo, termina ao segmentos do corpo e o centro de gravidade de modo a facilitar as ações da queda.Técnicas: grupado; peito (extensão) e tesoura.
11.4.Queda: 
Objetivos: posicionar o corpo de modo a facilitar as açòes para o melhor aproveitamento das massas corporais nos movimentos de rotação em busca da melhor eficiência do salto (menor CIII). Procurar diminuir ao máximo as forças de reação do solo.
Técnicas: rotação frontal e rotação lateral.
Como executar o Salto em Distância:
Sem reduzir em absoluto a velocide adquirida, coloque o pé de impulsão sobre a tábua. O outro será lançado à frente como um passo de corrida, mas com maior elevação, direcionando o movimento. Simultaneamente ambos os braços e principalmente o correspondente ao pé de impulsão serão lançados à frente, elevando os ombros.
A velocidade adquirida será aproveitada para dar maior amplitude ao salto, pois também a amplitude dependerá da altura proporcionada ao salto que poderá ser obtido com uma enérgica extensão de pernas de impulsão, obtendo um bom lançamento com a outra perna.
Vôo: Braços extendidos e levados atrás simultaneamente, as pernas e todo o corpo distende-se projetando o quadril à frente. No movimento do salto, o pé de impulsão ao perder contato com o solo deverá permanecer inativo, isto é , a perna prosseguirá sem tensão pois progressivamente se levará à frente.
Queda: Antes da caída se extenderão as pernas acima à frente com grande energia. E se lançarão os braços para frente e pra baixo, tendo a sensação de que o tronco gira as pernas. Quando os pés tocam o solo, a pelvis será impulsionada para frente assim como os braços para impedir que se desequilibre e cáia com os braços atrás. Ao cair junte os calcanhares.

 Componentes, medição e regras
Esse salto é efetuado em uma área dividida em três segmentos: uma pista de impulso com um mínimo de 45m de comprimento; uma tábua de madeira maciça com 1,22m de comprimento, 20cm de largura e 10 de espessura, fixada ao solo ao nível da pista de impulso, antes da caixa de areia e a caixa em si, onde o atleta deve cair ao saltar. O solo da pista de impulso pode ser de saibro, terra fina ou carvão e podendo ser utilizado o tartan.
12.1. Como saltar: 
Primeiro o atleta se concentra para saltar, imagina mentalmente seu salto e em seguida inicia uma corrida em direção a caixa de areia: começa devagar e vai aumentando gradativamente a velocidade. Estabiliza a velocidade e bate o pé em que tem maior destreza (mais domínio de movimetos) na tábua de salto (aproximação) e se impulsiona para saltar.
Obs: a impulsão só pode ser feita com o pé de apoio na tábua de salto. Se o atleta queimar, colocando o pé fora da tábua, o salto será considerado como uma falha.
Feita a impulsão, o saltador lança a perna, que está livre para a frente ganhando elevação e desenvolvimento horizontal.

12.2. Medição e Regras: 
A distância do salto será medida do ponto em que o saltador tocou a areia até a tábua de salto. Se o saltador, ao cair colocar as mãos para trás para se apoiar, será medido a partir do local em que tocou o chão com as mãos.
O existe uma linha limite para o salto que fica na borda da tábua e deve ser coberta de areia mais fina, cal ou outro material que possibilite registrar a impressão do pé do atleta, se caso ele pisar além da linha. Geralmente só pode cometer 2 dessas faltas a terceira o atleta está fora.
O atleta pode tentar apenas três saltos onde será computado o melhor deles. A medida do salto, geralmente, é feita em ângulo reto, do ponto atingido pelo atleta, com qualquer parte do corpo, na caixa de areia, até a linha limite. Considera-se como ponto atingido a marca mais próxima a essa linha limite. Se o atleta cair fora da caixa de areia é considerado falta. Se isso se der na terceira tentativa, o saltador é eliminado, pelo juiz da prova ou seus auxiliares. 

12.3. A distância aferida se divide em três:
Distância horizontal "CI"- É a distância entre a extremidade distal da tábua de impulsão e a projeção vertical do centro de gravidade no momento da impulsão.
Distância de vôo "CII - Distância entre o fim da impulsão e o momento do ataque
Distância de queda "CIII"- Distância entre a projeção da curva da parábola e o toque aferido.
12.4. Fatores que determinam as distâncias:
CI: Capacidades físicas, precisão da impulsão, posição do corpo no momento da impulsão;
CII: Altura do centro de gravidade, ângulo de saída e velocidade da saída
CIII: Posição do corpo e ações na queda.

 Campeões das ultimas 5 olimpíadas 
1992 - XXV Olimpíada - Barcelona, Espanha
medalhistas femininas                                  medalhistas masculinos
Ouro: Heike Dreschler (Alemanha)           Ouro: Carl Lewis (EUA)
Prata: Inessa Kravets (CEI)                       Prata: Mike Powell (EUA)
Bronze: Jackie Joyner-Kersee (EUA)       Bronze: Joe Greene (Estados Unidos)

1996 - XXVI Olimpíada - Atlanta, Estados Unidos
Medalhistas femininas                                 Medalhistas masculinos
Ouro: Chioma Ajunwa (Nigéria)                   Ouro: Carl Lewis (EUA)
Prata: Fiona May (Itália)                              Prata: James Beckford (JAM)
Bronze: Jackie Joyner-Kersee (EUA)         Bronze: Joe Green (EUA)

2000 - XXVII Olimpíada - Sydney, Austrália
Medalhista femininas                                   Medalhistas masculinos
Ouro: Heike Drechsler (Alemanha)            Ouro: Ivan Pedroso (Cuba)
Prata: Fiona May (Itália)                             Prata: Jai Taurima (Austrália)
Bronze: Marion Jones (EUA)                     Bronze: Roman Schurenko (Ucrânia)

2004 - XXVIII Olimpíada - Atenas, Grécia
Medalhistas femininas                                    Medalhistas masculinos
Ouro: Tatyana Lebedeva (Rússia)               Ouro: Dwight Phillips (EUA)
Prata: Irina Simagina (Rússia)                     Prata: John Moffitt (EUA)
Bronze:Tatyana Kotova (Rússia)                 Bronze: Joan L. Martinez (Espanha)2008 - XXIX Olimpíada - Pequim, China

Medalhistas femininas                                          Medalhistas masculinos
Ouro: MAGGI Maurren Higa (BRA)                    Ouro: Saladino A. I. Jahir (PAN)

Prata: LEBEDEVA Tatyana (RUS)                     Prata: Mokoena K.(Afica do Sul)

Bronze: OKAGBARE Blessing (NIG)                 Bronze: Camejo Ibrahim (CUB)

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Salto triplo

                                   
  
1.Histórico
O salto triplo faz parte da competição olímpica desde a primeira edição moderna, em Atenas 1896. O primeiro campeão olímpico da modalidade foi o estado-unidense James Connolly. O Japão dominou a modalidade entre Amesterdão 1928 e Berlim 1936. O soviético Viktor Saneyev conquistou três medalhas de ouro olímpicas consecutivas entre 1968 e 1976. Em 16 de junho de 1985, o estadunidense Willie Banks saltou 17,97 metros em Indiana, EUA. Banks pediu palmas à platéia para marcar o ritmo de sua corrida até o salto. O recorde foi ultrapassado por Jonathan Edwards em 1995, com 18,29m. A prova de senhoras estreou-se nos Jogos de Atlanta em 1996. A vencedora foi a ucraniana Inessa Kravets. 
O Brasil é um dos países com grande tradição nesta prova. Adhemar Ferreira da Silva foi bi-campeão olímpico da prova nos Jogos de 1952 e de 1956, tendo batido por várias vezes o recorde mundial da mesma. Outro atleta, o paulista Nelson Prudêncio, conquistou a medalha de prata nos Jogos de 1968, tendo, por breves instantes, retido o recorde mundial - depois quebrado na mesma ocasião pelo soviético Viktor Saneyev, medalhista de ouro - e a medalha de bronze nos Jogos de Munique, em 1972. O recorde mundial de João Carlos de Oliveira, o João do pulo, de 17,89m nos Jogos Pan-Americanos da Cidade do México em 1975, durou quase dez anos. Atualmente, Jadel Gregório é um dos cinco primeiros saltadores do mundo, de acordo com o ranking da IAAF. No dia 20 de maio de 2007, Jadel estabeleceu o novo recorde sul-americano para o salto triplo com a marca de 17,90 metros.
Portugal conta atualmente com um atleta de elevada qualidade, Nelson Évora, que se sagrou campeão do mundo da especialidade (Campeonato Mundial de Atletismo 2007, em Osaka - Japão), com 17,74 metros. É ainda detentor do recorde nacional português, com a segunda melhor marca mundial do ano.
Em 21 de Agosto de 2008 Nelson Évora sagrou-se campeão olímpico, com a marca de 17,67m, superando Phillips Idowu (17,62m) e Leevan Sands (17,59). Nelson não necessitou de igualar a sua marca nos Mundiais de 2007 de 17,74m.

2.Conceitos 
O triplo salto é uma combinação de três saltos sucessivos que terminam com a queda numa caixa de areia. A prova inicia-se com uma corrida de impulso. O salto começa com o contacto da perna de impulsão tocando o solo (maior absorção de impacto); segue-se uma pequena flexão da perna de impulsão (maior tensão elástica); nesse momento a perna de impulsão sofre grande pressão (até 6 vezes o peso do atleta), sendo que quanto maior o ângulo maior a pressão. A chamada é realizada com um movimento de "patada", onde o saltador faz um movimento brusco com a perna para trás e para cima, tentando assim reduzir a perda de velocidade horizontal. O ângulo resultante de saída é menor que o salto da distância; Por fim, na fase de vôo, deve-se corrigir o equilíbrio através da rotação horizontal dos braços, colocando o centro de gravidade no lugar.
Numa outra técnica, o salto realiza-se com a perna de elevação (+ fraca); dá-se o toque sobre a planta do pé (maior absorção de impacto) e o movimento de "patada" ativa na chamada para reduzir a perda de velocidade horizontal; existe maior tempo de contacto com o solo; a fase de vôo é próxima da do salto em comprimento, e tem apenas como diferença a menor velocidade horizontal, provocando uma menor fase de vôo. Para tal utiliza-se outro tipo de estilo - o tipo peito e o carpado. A correção do equilíbrio é feita através da rotação horizontal de braços, na fase terminal.

3.Regras básicas

A ordem de saltos dos atletas é sorteada. Assim como no salto em distância, o atleta faz três tentativas e lhe é computado o melhor dos três. Quando houver mais de oito competidores, cada um terá direito a três tentativas e os oito competidores com os melhores resultados da prova terão direito a mais três tentativas, sendo que, no caso de empate em oitavo nos três primeiros saltos, todos os competidores terão também direito a mais três tentativas.
O primeiro salto deve ser dado de forma que o competidor corra com o mesmo pé com que foi dada a impulsão; no segundo, ele deve cair com o outro pé; a partir daí o salto é completado. É considerado falho o salto em que o competidor, enquanto estiver saltando, tocar o solo com a perna "inativa". Aplicam-se ao salto triplo todas as demais disposições sobre as faltas previstas
para o salto em distância.
A pista deve ter uma largura mínima de 1,22m e seu comprimento é ilimitado, devendo ter, no mínimo 40m. O máximo permitido para a inclinação lateral da pista é 1:100 e para inclinação global na direção da corrida é de 1:1000.
Na pista não podem ser colocadas marcas, mas ao lado de fora o competidor pode colocar marcas (fornecidas pelos organizadores). Nenhuma marca pode ser colocada na caixa de areia. Depois de iniciada a prova, os competidores não devem ter mais permissão para usar a pista para efetuar tentativas experimentais.
3.1. Componentes básicos:
Velocidade;
Potência;
Coordenação;
Equilíbrio;
Flexibilidade;
 O segundo salto deve ser dado com a mesma perna e o primeiro e o terceiro salto com a outra perna.
O pé inativo não poderá tocar o solo;
Não se pode ao saltar cair fora da pista ou da caixa de areia;
Tábua: a 13 m da caixa de areia;
Conta-se como válido o toque mais próximo da tábua de impulsão.

4.Características dos atletas de salto triplo
O lema olímpico "Mais alto, mais forte, mais longe" pode muito bem ser relacionado aos saltos do atletismo, não só nas óbvias ligações com os saltos em distância e triplo ("mais longe") e com os saltos em altura e com vara ("mais alto"). Com a evolução do esporte, os atletas de cada prova tiveram que desenvolver a força, além de características próprias de cada modalidade.
No salto em altura é normal encontrar homens entre 1,90m e 2m e mulheres com cerca de 1,80m. É preciso explosão muscular, coordenação e grande flexibilidade. Além da altura, no salto com vara ainda é preciso ter habilidades de ginásta e acróbata para passar do sarrafo. Grandes saltadores em distância também são bons velocistas. E no salto triplo o atleta precisa de um físico maduro para não ter as articulações prejudicadas pelo forte impacto do primeiro e do segundo saltos.
 

5.Qualidades físicas dos atletas de salto triplo
 Atualmente o desporto que é o Atletismo está dividido em diferentes tipos de provas e competições.
A estas diferentes provas correspondem também para os participantes diferentes exigências/qualidades físicas.

Correr mais depressa como nas provas de corrida e barreiras, saltar mais alto como no salto em altura ou no salto com vara, ou saltar mais longe como no salto em comprimento ou como no triplo-salto, ou lançar o peso mais longe possível  - são provas diferentes da mesma modalidade – o atletismo.
As provas podem ser agrupadas segundo o tipo de prova, ou segundo a qualidade física ou por outras classificações possíveis.
Uma distinção que habitualmente se faz é entre as provas olímpicas (que se disputam nos Jogos Olímpicos) das outras, as não-olímpicas. As provas olímpicas são todas aquelas que se disputam nos jogos olímpicos. No entanto as provas não-olímpicas, como a corrida dos 60metros ou os 1000metros por exemplo entre outras, também fazem parte da modalidade, e em especial nos escalões mais novos – de formação, muitas desses eventos não-olímpicos se realizam também.

6. Campeões das ultimas 5 olimpíadas 
1992 - XXV Olimpíada - Barcelona, Espanha

Ouro: Michael Conley (Estados Unidos)
Prata: Charles Simpkins (Estados Unidos)
Bronze: Frank Rutherford (Bahamas)

1996 - XXVI Olimpíada - Atlanta, Estados Unidos
Medalhistas femininas                                 medalhistas masculinos
Ouro: Inessa Kravets (Ucrânia)              Ouro: Kenny Harrison (Estados Unidos)
Prata: Inna Lisovskaya (Rússia)             Prata: Jonathan Edwards (Reino Unido)
Bronze: Sarka Kasparkova (Rep. Tcheca)      Bronze: Yoelvis Quesada (Cuba)

2000 - XXVII Olimpíada - Sydney, Austrália

Medalhistas femininas                                  Medalhistas masculinos
Ouro: Tereza M. (Bulgária)                     Ouro: Jonathan Edwards (Reino Unido)
Prata: Tatyana Lebedeva (Rússia)         Prata: Yoel Garcia (Cuba)

Bronze: Olena Hovorova (Ucrânia)        Bronze: Denis Kapustin (Rússia)

2004 - XXVIII Olimpíada - Atenas, Grécia
Medalhistas femininas                                    medalhistas masculinos      
Ouro: Francoise M. Etone (Camarões)       Ouro: Christian Olsson (Suécia)
Prata: Hrysopiyi Devetzi (Grécia)                Prata: Marian Oprea (Romênia)
Bronze: Tatyana Lebedeva (Rússia)           Bronze: Danila Burkenya (Rússia)
2008 - XXIX Olimpíada - Pequim, China
Medalhistas femininas                                 Medalhistas masculinos
Ouro:Francoise Mbango Etone (CAM)         Ouro: Nelson Évora (POR)
Prata: Tatiana Lebedeva (RUS)                 Prata: Phillips Idowu (GBR)
Bronze: Chrysopigi Devetzi (GRE)             Bronze: Leevan Sands (BAH) 

segunda-feira, 11 de julho de 2011

danças folclóricas do sudeste

Dança do caranguejo
A dança do caranguejo é uma dança folclórica brasileira de origem açoriana muito parecida com o minueto.
Já foi muito popular em todo o Brasil, e existem referências a ela desde o século XIX.
Dança-se aos pares, coreografando-se dois círculos concêntricos: um só performado por homens e outro por mulheres. Os círculos vão movendo-se em direções opostas, oportunizando-se a alteração dos pares iniciais.
É uma dança cantada, com letras que variam conforme a tradição popular de cada região.
Geralmente dançada nos Pousos de Folia do Divino e em algumas festas populares. Dançada em par, forma-se uma roda com a dama sempre à frente do seu cavalheiro, girando no sentido do relógio. Canta-se o seguinte refrão:
Quando é mão, é mão, é mão (todos acompanham batendo as mãos)
Quando é pé, é pé, é pé (todos acompanham batendo o pé). No baião da mariquinha, caranguejo peixe é. (dança uma volta com a dama e deixa-a para trás), entre um refrão e outro se cantam versos improvisados.
Canção:
               Caranguejo
 
Caranguejo não é peixe caranguejo peixe é
Se não fosse o caranguejo não se dançava em Bagé
Caranguejo não é peixe caranguejo peixe é
Caranguejo está na toca a espera da maré
Caranguejo não é peixe caranguejo peixe é
Eu já vi um caranguejo sentado e lavando os pés
Caranguejo não é peixe se é peixe ninguém come
Ainda há chegar o tempo das muié falar dos home
No fundo do mar tem peixe na beira tem camarão
Nas ondas dos teus cabelos navega meu coração
O pé o pé o pé a mão a mão a mão
Minha gente venha ver o caranguejo no salão
Sim sim sim não não não
Estou a tua espera e não me dás teu coração
Caranguejo não é peixe caranguejo peixe é
Eu já vi um caranguejo sentado e lavando os pés
Caranguejo não é peixe caranguejo peixe é
Eu já vi um caranguejo namorando uma muié
 
Batuque
 Dança de terreiro com dançadores de ambos os sexos, organizados em duas fileiras – uma de homens e outra de mulheres. A coreografia apresenta passos com nomes específicos: “visagens” ou “micagens”, “peão parado” ou “corrupio”, “garranchê”, “vênia”, “leva-e-traz” ou “cã-cã”. São executados com os pares soltos que, saindo das fileiras, circulam livremente pelo terreiro. O elemento essencial em toda a coreografia é a umbigada, chamada “batida”: os dançadores dão passos laterais arrastados, depois levantam os braços e, batendo palmas acima da cabeça, inclinam o tronco para trás e dão vigorosa batida com os ventres. Os instrumentos musicais são todos de percussão: Tambu, Quinjengue, Matraca e Guaiá ou chocalho.
 
Catira ou Cateretê
 É executada exclusivamente por homens, organizados em duas fileiras opostas. Na extremidade de uma delas fica o violeiro que tem à sua frente o seu “segunda”, isto é, outro violeiro ou cantador que o acompanha na cantoria. O início é dado pelo violeiro que toca o “ras-queado”, para os dançadores fazerem a “escova”- bate pé, bate-mão, pulos. Prossegue com os cantadores iniciando uma moda de viola. Os músicos inter-rompem a cantoria e repetem o rasqueado. Os dançadores reproduzem o bate-pé, o bate-mão e os pulos. Vão alternando a moda e as batidas de pé e mão. Acabada a moda, os catireiros fazem uma roda e giram batendo os pés alternados com as mãos: é a figuração da “serra acima”; fazem meia-volta e repetem o sapateiro e as palmas para o “serra abaixo”, terminando com os dança-dores nos seus lugares iniciais. O Catira encerra com Recortado: as fileiras trocam de lugar, fazem meio-volta e retornam ao ponto inicial. Neste momento todos cantam o “levante”, que varia de grupo para grupo. No encerramento do Recortado os catireiros repetem as batidas de pés, mãos e pulos.

sábado, 9 de julho de 2011

A inter-relação dos Princípios

    De acordo com Gomes da Costa (1996), se faz lógico e transparente que essas leis não existem apenas por existir. Cada princípio, considerado individualmente, possui seu valor e função próprios, entretanto, a integração entre esses princípios adquire inestimável importância. “Aqui acontece aquela “historinha” de que o todo é sempre maior do que a soma de suas partes.” (ibidem, 1996, p. 358). Assim cada Princípio assume uma importância maior, um papel mais destacado quando associado aos outros princípios, segundo este autor, que ainda comenta:
    “Apesar dessa importante correlação, os Princípios da Adaptação, da Sobrecarga, da Continuidade e da Interdependência Volume-Intensidade é que vão não só dar corpo como orientar toda a aplicação prática do treinamento, ou seja, são os verdadeiros responsáveis pela “arrumação” de todo o processo de treinamento, traduzida na forma dos micro, meso e macro-ciclos de trabalho.” (ibidem, 1996, p. 358).
    Podemos certamente concluir que somente com o conhecimento de todos os princípios é possível realizar um treinamento ideal e eficaz. Provavelmente a excelência em treinamento deve estar acompanhada do profundo saber de todos os princípios aqui comentados, além de mais outros tantos tópicos do treinamento esportivo. Mas o saber profundo destes princípios e dos mais outros tantos conhecimentos não é o único fator determinante para a excelência em treinamento. A excelência só será atingida se houver a inter-relação perfeita entre todos estes saberes e respectivas aplicações, e uma constante reformulação desta inter-relação, pois, este conceito de reformulação está embutido nos próprios princípios.

O Princípio da Saúde

   Segundo Gomes da Costa (1996), esse princípio encontra-se diretamente ligado ao próprio objetivo maior de uma atividade física utilitária que vise à saúde do indivíduo:
    “Assim, não só a Ginástica Localizada em si e suas atividades complementares possuem grande importância. Também os setores de apoio da Academia, como o Departamento Médico, a Avaliação Funcional e o Departamento Nutricional assumem relevante função no sentido de orientar todo o trabalho, visando a aquisição e a manutenção dessa Saúde.” (ibidem, 1996, p. 358).
    Baseado na citação acima posso colocar que este princípio está fundamentado na interdisciplinaridade. No entanto, nem sempre o Princípio da Saúde tem sido o principal norteador, ou mesmo um dos princípios norteadores. Em práticas de atividades físicas hodiernas, verificamos não somente aquelas ligadas à aquisição e manutenção da saúde do praticante, mas também aquelas de alta performance, que podem trazer malefícios devido ao compromisso com o alto rendimento e resultados, e ainda, as atividades que não têm compromisso algum com o aspecto saúde. Atualmente pessoas colocam a vida em risco em esportes extremamente radicais, quando tentam ultrapassar os limites físicos. Portanto, cabe perguntar: os treinamentos destas atividades estariam sob o Princípio da Saúde? De certo modo, em relação ao preparo para a execução da atividade sim, pois, é necessário um certo nível de condicionamento e saúde para tais práticas, e também, pelo fato dos praticantes estarem fazendo algo que gostam, que é importante para a vida delas e lhes dá prazer.
    A correlação entre este princípio e outras perspectivas do esporte é um ponto interessante para ampliar os estudos.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

O Princípio da Variabilidade

    Também denominado de Princípio da Generalidade, encontra-se fundamentado na idéia do Treinamento Total, ou seja, no desenvolvimento global, o mais completo possível, do indivíduo. Para isso deve-se utilizar das mais variadas formas de treinamento (GOMES da COSTA, 1996). Segundo Marcelo Gomes da Costa:
    “Quanto maior for a diversificação desses estímulos – é obvio que estes devem estar em conformidade com todos os conceitos de segurança e eficiência que regem a atividade – maiores serão as possibilidades de se atingir uma melhor performance.” (ibidem, 1996, p. 357).
    A atenção a este princípio diminui a possibilidade do aparecimento de um Plateu no treinamento, ou mesmo o aparecimento de fatores desestimulantes, agindo de forma contrária, atuando na motivação e o mais importante, na possibilidade de possibilitar o surgimento de novas técnicas de treinamento, de estratégia, táticas, entre outras, inclusive de novos gestos específicos, que sob um determinado ponto de visão, sob um treinamento não variável, não seria possível ser identificado ou ter aparecido. Um dos alicerces deste princípio é a criatividade, tanto do atleta, quanto do treinador.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

O Princípio da Especificidade

   De acordo com Dantas (1995), a partir do conceito de treinamento total, quando todo o trabalho de preparação passou a ser feito de forma sistêmica, integrada e voltada para objetivos claramente enunciados, a orientação do treinamento por meio de métodos de trabalho veio, paulatinamente, perdendo a razão de ser. Hoje em dia, nos grandes centros desportivos, esta forma de orientação do treinamento foi totalmente abandonada em proveito da designação da forma de trabalho pela qualidade física que se pretende atingir. Associando-se este conceito à preocupação em adequar o treinamento do segmento corporal ao do sistema energético e ao gesto esportivo, utilizados naperformance, ter-se-á o surgimento de um sexto princípio esportivo: o princípio da especificidade, que vem se somar aos já existentes. Podemos dizer que este princípio sempre esteve intrínseco em todo o treinamento esportivo, desde o mais rústico nas práticas utilitárias, mas tê-lo como princípio norteador e como um dos parâmetros que devem ser levados em consideração é essencial ao estudo e planejamento crítico e consciente nos treinamentos contemporâneos.
    “O princípio da especificidade é aquele que impõe, como ponto essencial, que o treinamento deve ser montado sobre os requisitos específicos da performance desportiva, em termos de qualidade física interveniente, sistema energético preponderante, segmento corporal e coordenações psicomotoras utilizados” (ibidem, 1995, p. 50).
    Segundo Dantas, ao se estudar o princípio da especificidade, de imediato sobressai um fator determinante, que é o princípio da individualidade biológica, estabelecendo limites individuais a esta capacidade de transferência. O princípio da especificidade irá se refletir em duas amplas categorias de fundamentos fisiológicos: os aspectos metabólicos e os aspectos neuromusculares. Para Dantas, “O princípio da especificidade preconiza, ... que se deve, além de treinar o sistema energético e o cárdio-respiratório dentro dos parâmetros da prova que se irá realizar, fazê-lo com o mesmo tipo de atividade de performance.” (ibidem, 1995, p. 50):
    “Isto serve, cada vez mais, para firmar na consciência do treinador que o treino, principalmente na fase próxima à competição, deve ser estritamente específico, e que a realização de atividades diferentes das executadas durante a performance com a finalidade de preparação física, se justifica se for feita para evitar a inibição reativa (ou saturação de aprendizagem).” (ibidem, 1995, p. 50).
    De acordo com Dantas (1995), o segundo componente dos aspectos neuromusculares é controlado, principalmente pelo sistema nervoso central ao nível de cérebro, bulbo e medula espinhal e pressupõe que todos os gestos esportivos, realizados durante a performance, já estejam perfeitamente “aprendidos” de forma a permitir que, durante a performance, não se tenha que criar coordenações neuromusculares novas, mas tão somente “lembrar-se” de um movimento já assimilado e executá-lo. A psicologia da aprendizagem ensina que o conhecimento, ou movimento, uma vez aprendido fica armazenado no neocórtex sob forma de engrama, que consiste num determinado padrão de ligação entre os neurônios. O engrama, que é sempre utilizado, fica cada vez mais “nítido” e “forte” ao passo que aquele que não é utilizado se enfraquece e pode até se extinguir. Se um gesto esportivo for repetido com constância, seu engrama ficará tão forte a ponto de permitir a execução do gesto de forma reflexa, através de uma rápida comparação, pelo bulbo, entre as reações neuromusculares e o engrama. Este aspecto está ligado a mielinização das fibras nervosas e à velocidade de condução dos impulsos, e à caracterização dos tipos de movimentos.
    Finalizando, Dantas (1995) nos diz que, o aprimoramento da habilidade técnica e a execução de todos os movimentos possíveis durante o treinamento, visando a aquisição e reforço dos engramas requeridos pelo esporte considerado, tomarão tanto mais tempo quanto mais complexo ele for em termos neuromotores.
    Então, se a especificidade do movimento, e conseqüentemente da modalidade esportiva, está atrelada à memória do gesto motor, de seu treinamento, podemos dizer que o Princípio da Especificidade está ligado diretamente aos gestos específicos de uma determinada modalidade e o treinamento utilizado para o aprendizado e o desenvolvimentos destes respectivos gestos específicos.

O Princípio da Interdependência Volume-Intensidade

                                         
   Este princípio está intimamente ligado ao da sobrecarga, pois o aumento das cargas de trabalho é um dos fatores que melhora a performance. Este aumento ocorrerá por conta do volume e devido à intensidade.
    Para Tubino (1984), pode-se afirmar que os êxitos de atletas de alto rendimento, independente da especialização esportiva, estão referenciados a uma grande quantidade (volume) e uma alta qualificação (intensidade) no trabalho, sendo que, estas duas variáveis (volume e intensidade) deverão sempre estar adequadas as fases de treinamento, seguindo uma orientação de interdependência entre si. Ainda segundo Tubino: “Na maioria das vezes, o aumento dos estímulos de uma dessas duas variáveis é acompanhado da diminuição da abordagem em treinamento da outra” (ibidem, 1984, 110).
    Nem sempre as variáveis volume e intensidade estão claramente explícitas ao treinador para que este possa definir um treinamento ou ação baseado na relação entre estas. Portanto, utilizando o bom senso, na dúvida nunca se deve arriscar ou colocar o atleta ou praticante em risco. Um bom treinador consegue enxergar com maior clareza a relação de interdependência entre volume e intensidade de um treinamento ou ação de atividade.

terça-feira, 5 de julho de 2011

O Princípio da Continuidade

                         
    Este princípio está intimamente ligado ao da adaptação, pois a continuidade ao longo do tempo é primordial para o organismo, progressivamente, se adaptar.
    Compartilho com Tubino, a idéia de que a condição atlética só pode ser conseguida após alguns anos seguidos de treinamento e, existe uma influência bastante significativa das preparações anteriores em qualquer esquema de treinamento em andamento. Para Tubino (1984), estas duas premissas explicam o chamado Princípio da Continuidade.
    “Pode-se acrescentar que este princípio compreenderá sempre no treinamento em curso uma sistematização de trabalho que não permita uma quebra de continuidade, isto é, que o mesmo apresente uma intervenção compacta de todas as variáveis interatuantes. Em outras palavras, considerando um tempo maior, o princípio da continuidade é aquela diretriz que não permite interrupções durante esse período.” (ibidem, 1984, p. 110).
    A continuidade de treinamento evita que o treinador subtraia etapas importantes na formação atlética de um esportista. Em geral um atleta que tem um alto desempenho, com certeza teve uma continuidade ao longo de sua preparação, treinamento e também do aprendizado do esporte praticado. A continuidade é importante inclusive no treinamento amador e no lazer, e não somente no aspecto fisiológico, mas também, como por exemplo, no aspecto psicológico e entre outros aspectos cujos fatores podem interferir na prática esportiva.

O Princípio da Sobrecarga

   De acordo com Dantas: “Imediatamente após a aplicação de uma carga de trabalho, há uma recuperação do organismo, visando restabelecer a homeostase” (DANTAS, 1995, p. 43).
    “O aproveitamento do fenômeno da assimilação compensatória ou supercompensação, que permite a aplicação progressiva do princípio da sobrecarga, pode, ainda, ser severamente comprometido por uma incorreta disposição do tempo de aplicação das cargas.
    O equilíbrio entre carga aplicada e tempo de recuperação é que garantirá a existência da supercompensação de forma permanente.” (ibidem, 1995, p. 44).
    Segundo Tubino, o momento exato em que se produz à adaptação aos agentes stressantes (estímulos), é, sem dúvida, um dos pontos mais discutíveis do Treinamento Esportivo. Existem pontos de vista que estabelecem a adaptação durante intervalos intermediários dos treinos, enquanto que outras pesquisas defendem a tese da adaptação após o último intervalo da sessão de treino (TUBINO, 1984). Tubino comenta que:
    “Segundo HEGEDUS (1969), os diferentes estímulos produzem diversos desgastes, que são repostos após o término do trabalho, e nisso podemos reconhecer a primeira reação de adaptação, pois o organismo é capaz de restituir sozinho as energias perdidas pelos diversos desgastes, e ainda preparar-se para uma carga de trabalho mais forte, chamando-se este fenômeno deassimilação compensatória. Assim, sabe-se que não só são reconduzidas as energias perdidas como também são criadas maiores reservas de energia de trabalho. A primeira fase, isto é, a que recompões as energias perdidas, chama-se período de restauração, o qual permite a chegada a um mesmo nível de energia anterior ao estímulo. A segunda fase é chamada deperíodo de restauração ampliada, após o qual o organismo possuirá uma maior fonte de energia para novos estímulos” (ibidem, 1984, p. 105 e 106).
    Para Tubino, estímulos mais fortes devem sempre ser aplicados por ocasião do final da assimilação compensatória, justamente na maior amplitude do período de restauração ampliada para que seja elevado o limite de adaptação do atleta. Este é o princípio da sobrecarga, também chamado princípio da progressão gradual, e será sempre fundamental para qualquer processo de evolução desportiva.
    Tubino (1984) cita algumas indicações de aplicação do Princípio da Sobrecarga, referenciado nas variáveis: Volume (Quantidade) e Intensidade (Qualidade); em vários Tipos de Treinamento, como: Contínuo, Intervalado, em Circuito, de Musculação, de Flexibilidade e Agilidade, e Técnico.
    O quê o professor ou o treinador deve ter é o bom senso ao definir a sobrecarga que vai trabalhar com o seu aluno ou atleta, observando todos os outros Princípios do Treinamento Esportivo, sempre respeitando as necessidades e anseios do atleta e, principalmente, os limites éticos do treinamento.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

O Princípio da Adaptação

Podemos dizer que a adaptação é um dos princípios da natureza. Não fosse a capacidade de adaptação, que se mostra de diferentes modos e intensidades, várias espécies de vida não teriam sobrevivido ou conseguido sobreviver por longos tempos e em diferentes ambientes. O próprio homem conseguiu prevalecer no planeta, como espécie, devido à sua capacidade de adaptação.
De acordo com Weineck, a adaptação é a lei mais universal e importante da vida. Adaptações biológicas apresentam-se como mudanças funcionais e estruturais em quase todos os sistemas. Sob “adaptações biológicas no esporte”, entendem-se as alterações dos órgãos e sistemas funcionais, que aparecem em decorrência das atividades psicofísicas e esportivas (WEINECK, 1991):
“Na biologia, compreende-se “adaptação” fundamentalmente como uma reorganização orgânica e funcional do organismo, frente a exigências internas e externas; adaptação é a reflexão orgânica, adoção interna de exigências. Ela ocorre regularmente e está dirigida à melhor realização das sobrecargas que induz. Ela representa a condição interna de uma capacidade melhorada de funcionamento e é existente em todos os níveis hierárquicos do corpo. Adaptação e capacidade de adaptação pertencem à evolução e são uma característica importante da vida. Adaptações são reversíveis e precisam constantemente ser revalidadas (Israel 1983, 141).” (ibidem, 1991, p. 22).
Weineck diz que, no esporte, devido aos múltiplos fatores de influência, raramente o genótipo é completamente transformado em fenótipo, mesmo com o treinamento mais duro. Para este autor, fases de maior adaptabilidade, encontram-se em diferentes períodos para os fatores de desempenho de coordenação e condicionados, são designadas “fases sensitivas”. A zona limite destas fases sensitivas, isto é, o período em que justamente ainda é possível uma melhor expressão das características, geralmente é chamada de “período crítico” (ibidem, 1991).
““Capacidade de adaptação” ou “adaptabilidade” é o nome que se dá à diferente assimilação dos estímulos, frente à mesma qualidade e quantidade de exercícios ou carga de treinamento. Ela pode ser atribuída à correlação organismo/ambiente, sob o ponto de vista da predisposição hereditária e sua expressão (genética) (Gürtler 1982, 35).” (ibidem, 1991, p. 23).
Para Tubino, este princípio do Treinamento Esportivo está intimamente ligado ao fenômeno do stress. As investigações sobre o stress tiveram início em 1920 com Cânon e Hussay, tendo uma grande ênfase no período entre 1950 e 1970, onde praticamente surgiu uma literatura científica básica sobre este fenômeno (TUBINO, 1984). Segundo Tubino:
“Definindo-se Homeostase, de acordo com CANNON, como o equilíbrio estável do organismo humano em relação ao meio ambiente, e sabendo-se que esta estabilidade modifica-se por qualquer alteração ambiental, isto é, para cada estímulo há uma resposta, e, ainda, entendendo-se por estímulos o calor, os exercícios físicos, as emoções, as infecções, etc., conclui-se, com base num grande número de experiências e observações de diversos autores, que em relação ao organismo humano:
a. estímulos débeis => não acarretam conseqüências;
b. estímulos médios => apenas excitam;
c. estímulos médios para fortes => provocam adaptações;
d. estímulos muito fortes => causam danos.” (ibidem, 1984, p. 101).
Segundo Dantas, o conceito de Homeostase, que é necessário para compreender este princípio, é: “Homeostase é o estado de equilíbrio instável mantido entre os sistemas constitutivos do organismo vivo, e o existente entre este e o meio ambiente.” (DANTAS, 1995, p. 40). Para este autor, a homeostase pode ser rompida por fatores internos, geralmente oriundos do córtex cerebral, ou externos, como: calor, frio, situações inusitadas, provocando emoções e, variação da pressão, esforço físico, traumatismo, etc. Dantas diz que, sempre que a homeostase é perturbada, o organismo dispara um mecanismo compensatório que procura restabelecer o equilíbrio, quer dizer, todo estímulo provoca reação no organismo acarretando uma resposta adequada (ibidem, 1995). Neste sentido, o organismo, buscando o equilíbrio constante, estaria sempre em um estado constante de equilibração.
Tubino pensa que, quando o organismo é estimulado, imediatamente aparecem mecanismos de compensação para responder a um aumento de necessidades fisiológicas. Assim, constata-se que existe uma relação entre a adaptação de estímulos de treinamento e o fenômeno de stress, o que é explicado pelo princípio científico da adaptação. A definição dada ao stress por Tubino é a seguinte:
“Stress ou Síndrome de Adaptação Geral (SAG), segundo SELYE (1956) é a reação do organismo aos estímulos que provocam adaptações ou danos ao mesmo, sendo que esses estímulos são denominados agentes stressores ou stressantes.” (TUBINO, 1984, p. 102).
A síndrome de adaptação geral (SAG) é dividida em três fases, até que o agente stressante na sua ação atinja o limite da capacidade fisiológica de compensação do organismo: 1ª Fase: Reação de alarme; 2ª Fase: Fase da resistência (adaptação) e; 3ª Fase: Fase da exaustão (ibidem, 1984).
Para este autor, na fase de reação de alarme, os mecanismos auxiliares são mobilizados para manter ávida, a fim de que a reação não se dissemine. É caracterizada pelo desconforto, e está dividida em duas partes choque e contrachoque:
“sendo o choque a resposta inicial do organismo a estímulos aos quais não está adaptado, provocando a diminuição da pressão sanguínea, enquanto o contrachoque ocasiona uma inversão de situação, isto é, ocorre um aumento da pressão sanguínea.” (ibidem, 1984, p. 102).
A fase da resistência é a fase da adaptação, a qual é obtida pelo desenvolvimento adequado dos canais específicos de defesa, sendo esta etapa caracterizada pela dor e pela ação do organismo resistindo ao agente stressante inicial, sendo a fase que realmente mais interessa ao treinamento desportivo.
A fase da exaustão é aquela em que as reações se disseminam, em conseqüência da saturação dos canais apropriados de defesa, apresentando como característica a presença do colapso, podendo chegar até a morte (ibidem, 1984).
Tubino ainda menciona que, “EÜLER observou 3 tipos de stress, de acordo com a origem dos estímulos stressantes” (ibidem, 1984, p. 103), são eles: o stress físico, o stress bioquímico e, o stress mental.
De acordo com Tubino, é importante a utilização correta do princípio de adaptação, onde se deve haver cuidado na aplicação das cargas de treinamento, agentes stressantes.
Mas não só de modo pragmático devemos enxergar o Princípio da Adaptação. Acredito que em termos de treinamento, o critério adaptação pode ser estendido a vários outros fatores além do treinamento fisiológico propriamente dito. Um bom exemplo são as capacidades de adaptações emocionais, ambientais, entre outras, além da comum capacidade do treinador ou professor se adaptar, às vezes com um “jeitinho brasileiro”, às péssimas condições de trabalho ou dificuldades encontradas em condições sociais desfavorecidas. O treinador ou professor deve ter em mente que é preciso se adaptar à atitude de adaptação, uma atitude consciente e crítica, pois, com a velocidade da dinâmica das mudanças hodiernas e a possível e quase certa aceleração que deve vir adiante em tempos futuros, a capacidade de adaptação será cada vez mais necessária e requisitada.